Os carros chegam ao estacionamento,
As pessoas descem e se cumprimentam,
Louvores alegres já podem ser ouvidos no templo,
Enquanto em casa os filhos definham e lamentam;
Os pais nem se lembram de quando decoraram os hinos,
A memória muscular abre a bíblia na página certa,
Essa mesma alma que agrediu o rosto com a mão aberta,
Do filho mais velho que beijou outros meninos;
Deram o poder de escolha a sua filha na flor da idade,
'Não por força, nem por violência [...]', assim como está escrito,
Mas em troca tiraram toda sua liberdade,
Para eles é falta de caráter da mulher fazer sexo sem compromisso;
O caçula vai à igreja completamente exausto,
Colégio, culto de intercessão e ensaio mesmo sem ter uma fé,
Depressivo já de tanto ver o pai traindo sua mãe com descaso,
Durante as orações com as mãos no vestido de outra mulher;
Em casa novamente, as discussões corroem os ouvidos,
De um lar completamente despedaçado,
Reuniões em família são um apocalipse anunciado,
É triste quando o maior desejo de seus parentes é de serem esquecidos;
Nos outros dias da semana a mãe deixa o som na rádio evangélica,
Enquanto cuida da sua carreira profissional,
Enxugando as lágrimas de uma vida pessoal patética,
Antes que a vejam fora do que seria religiosamente ideal;
Submissa ao seu marido,
Sábia, protetora e com um compromisso,
Colocando-se em segundo lugar, mesmo quando está em perigo,
De perder completamente a razão para o vício;
Em álcool, no que mais seria?
Hoje em dia é difícil nos encher do espirito santo e sentir o seu cuidado,
Cada garrafa escondida no depósito está fria e vazia,
Assim como a cama, já que seu esposo dorme em outro quarto;
E o varão alimenta esse ciclo de sofrimento,
Com a menor vontade de mudar seu comportamento,
Usando uma frase pronta que começa com 'no meu tempo...",
Para ele apenas os fracos tem arrependimento;
Mais uma semana dura de sobreviver,
Sufocando o ódio apenas sorrindo,
Pais e filhos se distanciam até não conseguirem se ver,
Por favor, não me diga que hoje é domingo."
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